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Olhos de boneca de pano,
Finda da infância a alegria pura,
Agonizam ante o abandono.
Sem ter vivido, fartos de candura.

No papel ao cesto descartado,
Amor findo, eterno declarado.
Grãos de sabedoria medrada,
Debulhados, vítimas da soberba.

O tilintar do brinde ecoa, ainda.
E a taça, finda a festa, margeia.
A forte fé do ontem vencedor,
Hoje, no descrente, é fétido suor.

Feitas de matéria idêntica,
A amizade e a cumplicidade,
Vão-se com a ventania
Da intriga e da vaidade.

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