BRASÍLIA x PARIS
Comparar cidades nem sempre é pouco auspicioso.
Cada metrópole, cidade ou lugarejo tem características peculiares, é verdade. Mas fiquei orgulhoso, como brasiliense de coração, ao ouvir uma comparação, dias atrás.
Numa noite de autógrafos no espaço Assis Chateaubriand, no Correio Braziliense, falávamos sobre o aumento do número de salas de espetáculo teatral e de muitos outros espaços destinados à arte, à cultura e ao entretenimento.
“Brasília está se tornando uma nova Paris”, disse-me o meu amigo Heitor (o craque do teatro do improviso. Não, não ... do imprevisto).
Pensei nisso. Paris é uma cidade luz num amplíssimo sentido, mas o é principalmente no sentido cultural.
Brasília, capital do terceiro milênio, merece a comparação e, nisso, há um importante pormenor: Brasília é linda, fácil e acessível, com seu traçado urbanístico magistral e incomparável. E ha muitos espaços atualmente mal utilizados – característica da maturidade – quando a cidade alcança seus 50 bem vividos anos.
A nova acomodação que atende aos reclames da população desobedece à fidelidade à setorização inicialmente concebida e vai gradativamente se repensando, atenta aos reclames daqueles a quem a cidade se destina.
Em endereços outrora impensáveis, hoje se abrem pequenos e aconchegantes espaços adaptadíssimos - o povo agradece.
Os que ainda duvidam do interesse da população distritofederalense por cultura, saibam: a variedade da oferta e a multiplicidade de formatos e abordagens atrai pessoas e as influencia positivamente.
O interesse dos que aqui vivem, ao gerar oportunidade, tornando-se um crescentemente poderoso mercado consumidor de arte, altera as condições de sobrevivência do empreendimento cultural – esse pesado e complexo empreendedorismo há de profissionalizar-se ainda mais, em resposta.
E Brasília, gradativamente, fervilhará culturalmente. Não para tornar-se uma nova Paris, mas para assumir seu destino, cumprir seu compromisso e seguir sua tendência de cidade ímpar, poética e profundamente cultural, privilegiando quem primar pela qualidade.
Sabino Horta
Comentários
E a cultura vai acontecendo e como um vírus tomando conta... os sintomas, contudo não são mortíferos, só transformam ruas em versos, gente em pintura...
Abraço