Sons de dentro
SONS DE DENTRO
Fui ontem ao Feitiço (Carioca) Mineiro e eu, que também o
sou, enfeitiçado pela brasilidade universal de Vinicius de Moraes, nadei nas
ondas com os peixinhos.
Imaginem Vinicius declamando suas pérolas, Tom (Suzi Magalhães),
ao piano, Toquinho (...) ao baixo acústico, Altamiro com sua flauta inconfundível, não a chorar, mas a lamuriar ante ”os perigos
desta vida, pra quem tem paixão principalmente”. E lá estava, embora a
arquitetura do local não me deixasse vê-la, a percussão formando a escadaria em
que subia e descia a poética sálmica do Poetinha.
A suprema sofisticação está na simplicidade dissonante dos
poemas e das notas. Maluf (interpretando Vinicius) e seu grupo agradaria uma
plateia de “mamando a caducando” com os ingênuos “peixinhos a nadar no mar” ou
com a eternidade passageira do amor que é chama.
Conduzido pela trilha dos versos e da vida do mais lírico
poeta brasileiro, o grupo esbanja a trilogia fundamento da música.
Admirador que sou do reino das palavras faltou-me um pouco
mais de som para a voz do declamador (Maluf) para que a poesia emergisse mais
facilmente da maravilhosa plástica que ele deu à sua interpretação.
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