O que será que vai dar.


Muitas pessoas com quem tenho conversado estão em crescente perplexidade, diante dos fatos políticos recentes e da expectativa de outros ainda mais graves previstos para esta semana.

O debate que deveria focar o pensamento de estadistas no proveito do que se pretende com uma eleição para presidente ganhou cara de batalha campal entre pessoas sem o menor interesse coletivo.

Há 40 anos, morador de B.H., voltando do Colégio Batista, passava eu a pé pelas proximidades da Praça da Estação quando assisti a uma cena que os debates políticos me fizeram lembrar: duas prostitutas brigavam aos gritos, uma de cada lado da rua. Agressiva, uma delas bradando impropérios deu a motivação da briga: homem, freguês, fonte de renda e de importância.

Ouvi ontem, 60 anos após o golpe militar, num vídeo reportagem uma senhora dizer “o que eles querem? Uma nova intervenção militar?”. Preocupou-me a frase aparentemente inobjetiva, dita no palco da batalha de acusações e desqualificações que os grupos (ainda chamados de direita e esquerda, de proletariado e elite) encenam. 

Há 30 anos morria a ditadura militar e o mineiro Tancredo Neves. Agora, uma candidata vítima da ditadura e um candidato cujo avô ajudou-nos a sair dela, ambos nascidos em Minas, confrontam-se de modo a contagiar a nação e acirrar os ânimos.

Minha esperança de assistir a debates educados e verossímeis foi-se, ralo abaixo, há dias, e as agressões que já vinham esquentando, principalmente do lado petista, ainda não atingiram seu ápice. A última semana promete ser quente. E isso não promete parar. Estão a postos duas colunas de guerreiros à moda medieval. E quem atiçou esse estado de beligerância foi quem que tentou aniquilar todo o passado brasileiro com seu nunca na história: isso e aquilo.

Qualquer pessoa que se distancie da linha de fogo avista um futuro nebuloso, a partir dessa cisão do Brasil entre “nós e a zelite”. Considerando ainda o fato histórico, sabemos que os confrontos bilaterais não representam a pluralidade de pensamento, de ideal, e governo e de democracia, e não costumam desaguar em águas serenas, mas despencar.

O que será que vai dar, não sei.

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