Quem decide é o indeciso.
O
voto obrigatório tem dado o que falar, embora pareça fogo de palha. Volta e
meia alguém ergue a voz para dizer que vai propor o voto facultativo.
Desconheço pesquisa sobre quem não votaria, se não fosse obrigado. Quem não se decidiu em quem votar a 5 dias
das eleições em segundo turno, talvez não devesse mesmo votar. Se 89.5% dos eleitores estão conscientes e
decididos, não são esses capazes de representar bem o eleitorado?
Talvez
a resposta seja um pronto e sonoro sim, mas não funciona dessa maneira. Primeiro
pela obrigatoriedade praticamente universal do voto, consciente ou não, acertado
ou não, responsável ou não. Depois,
porque os indecisos são hoje importantíssimos para as campanhas, mediante o
empate técnico constatado nas pesquisas.
Hoje
uma eleitora disse a mim que prefere os debates acalorados. O debate de ontem (19.10
– TV Record) não tem graça para ela. Um
não eleitor (cujo título está cancelado) disse-me que os ânimos acalmaram, mas
a conversa não mudou. Um terceiro, na idade
em que o voto é facultativo por menoridade e que ainda não tem título por
influência de um “tio” que teria lhe dito: “deixa isso pra quando você for
obrigado”, acha que um dos competidores já ganhou. Ou seja: três exemplos de
gente que não tem compromisso firmado com o ato de votar. Estou errado quando
penso que é mesmo melhor que esses não votem?
Votar
é uma responsabilidade, muito mais do que um dever cívico ou um direito. Não se
trata de ir à urna e digitar um número como quem faz um prognóstico de loteria.
A cidadania é para quem está preparado para ela, nesse aspecto.
O
que vai acontecer é que os indecisos decidirão. Os despreparados dirão quem vai
governar. Os descompromissados, gente que não quer nem mesmo conversar
racionalmente sobre o assunto decidirá pelos que debatem, raciocinam, leem –
pelos que assumem a responsabilidade.
Não
estou dizendo que esses tais não podem, na última hora, tomar uma decisão
acertada. Podem, mas seria melhor que estivessem desobrigados de decidir açodadamente,
já que a maior probabilidade é de erro, nesse caso.
Se
a campanha eleitoral fosse exclusivamente propositiva e se os debates forçassem
os candidatos a assumir compromissos cada vez mais sérios; se fossem
crescentemente refinando seu entendimento, poderíamos esperar que os indecisos
encontrassem consubstanciação para sua decisão, mas não é assim.
Ficamos,
então, nas mãos de quem, na última hora, escolherá um qualquer. Na base do “cara
ou coroa”, quem sabe.
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