Ditadura militar ou desmoralização total?

Tem sido frequente alguém dizer que quem apoia a ditadura militar brasileira e pede-lhe o retorno é porque não a conheceu.

Eu tinha nove anos quando os militares tomaram o poder. Algum tempo depois, tive razão bastante para achar quer valia a pena: varria a possibilidade de instauração de um governo comunista. Minha família rejeitava a doutrina comunista como era exercida: amava a liberdade religiosa, contra o ódio mortal e a desmoralização sistemática do cristianismo e das religiões em geral. Agora está ainda mais claro que o que estão chamando de esquerda é isso: a destruição total da família, da moral e da organização social.

Aos 17 anos, fui trabalhar num cartório e nas capas dos documentos lá produzidos estava escrito ”a revolução de 1964 é irreversível e consolidará a democracia no Brasil”. E assim foi. A democracia voltou e consolidou-se.

Recentemente, ouvi de um amigo, cinco anos mais vivido do que eu: “esse povo fala mal da ditadura, mas no governo militar não havia essa safadeza toda. Bandido não se criava. Hoje, a gente vive numa situação de total insegurança ...”.  Ele e muitos outros, que também desejaram o fim do governo militar, agora admitem, ponderam e até pedem sua volta, porque não querem o Brasil afundado na desordem.

Os que agora apregoam ter conhecido a ditadura o suficiente para rejeitarem a possibilidade da sua volta, conheceram sim a repressão àquilo que, em se deixando claro o que é, seria rejeitado pela maioria dos brasileiros, sem sombra de dúvida.

Em nome da liberdade, permitir e até disseminar a libertinagem, assemelha-se a pregar democracia sem os limites da ordem e do estado de direito; é aparelhar o Estado e preparar a nação para uma ditadura da rejeição aos valores morais, a destruição da família e o banimento da religião.

Os que concordam comigo e com os que ouvi antes de escrever este texto conheceram sim a ditadura militar e a rejeitaram em muitos aspectos. Esses não foram presos, nem torturados, nem exilados pela ditadura. Eram respeitadores da ordem, da moral e dos bons costumes, embora todos nós cometêssemos erros. 

Os excessos praticados pelo governo militar são sim condenáveis, mas a destruição da família, da religião e da liberdade (sim, da liberdade) hoje abertamente pregada pelos meus amigos esquerdistas é infinitamente mais perniciosa.

Não creio, sinceramente na volta de um governo militar. Os brasileiros abrirão os olhos para a indispensável alternância de poder. Porque nós também não queremos excluir os que adotam doutrina contrária. A democracia deve ser plural e inclusiva.


Agora, os que conheceram o braço severo do governo militar implantariam um governo comunista, que nunca foi democrático, em lugar nenhum. 

Os que semeiam liberdade enxertada no tronco da libertinagem, esses não querem governo sério. O bem que praticam agora é a semente modificada de uma situação que eu duvido que as pessoas, sabendo o que é, aceitariam.

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