Diálogo meio imaginário

Abre-se a porta do elevador, entram dois homens e uma mulher.

 Bom dia, doutor

Bom dia, amigo – disse o homem de terno alinhado, eloquente.

Doutor, queria te contar, sabe aquele conselho que o senhor me deu? Processar as Casas Ba – deu um soluço.

Sim, lembro. Você tinha reclamado no Procon e nada.

Pois é, doutor, depois de muitos dias juntando provas e escrevendo a petição (que eu tirei um modelo da internet), fui atendido por uma mocinha estagiária simpática, atenciosa, e ela foi fazer um tal de traduzir a termo, que aquele modelo da internet é furado.

E ai? – riso um terço

Ela disse que apesar da Casas Ba – outro soluço e a mulher não consegue saber: casas Ba...? – ter me cobrado seis prestações sem me entregar a TV, isso não se caracteriza legalmente como cobrança indevida ... Vem muita gente reclamar ... Eles só devolvem no final mesmo. E eu posso pedir indenização por danos morais? Pode, até o valor limite da alçada do tribunal especial, menos o valor da compra corrigido ... Fez as contas ... dá ... (dezesseis mil e não sei quantos contos de réis)... Mas eles nunca pagam mais de cinco mil. Uai, não é o juiz quem determina? É ... mas eles nunca pagam acima disso. Se você ganhar.

Agora isso se resolve – riso dois terços

A audiência de conciliação ficou para depois de vencer a nona prestação, doutor. São dez. É no cartão. Pobre sofre, né, doutor. Depois dizem que há justiça.

Chegou o vigésimo quinto andar, o advogado já segurando a porta do elevador – é, meu amigo, você não tem foro previlegiado. riso três terços.

 A professora, agora só no elevador, pensa rápido e murmura: - lembro ... foro prEvilegiado ... assim não há justiça mesmo ... e libera um riso amarelo, descrente.

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