Contra a corrupção, cidadania e princípios éticos



Hézio Teixeira(*)



Dia desses, disse-me um amigo meu que lhe foi proposto um patrocínio cultural com a condição de pagar propina. De cinquenta por cento. Acreditem, eu ouvi isso!
No pleno vigor das manifestações, dos debates, das operações contra corrupção, o Brasil vivendo talvez a maior das suas crises de credibilidade, muitos de nós arrancando os cabelos desesperançados com nosso futuro como nação, ouço-o como um soco no peito.
O que recebeu a proposta, naquele beco sem saída que quase todos nós que empreendemos experimentamos ou experimentaremos, balançou. Se aceitou e se o negócio se concretizou não importa agora, mas não, ainda.
O simples fato de alguém propor já é corrupção. O fato de o outro não rechaçar veementemente também o é.
Lei contra corrupção, proposta da promotorada, berros de políticos, pose se juízes, histeria em praça pública, pra quê? A corrupção está dentro das pessoas, na ambição, no destemor, na falta de princípios. Está no conceito de que ter é tudo, está no sentimento de que o erário é uma fonte inesgotável donde brota dinheiro de ninguém; quem for mais esperto e safado, que meta a mão; que esse negócio de ser punido é pura ficção. E, o mais vil de todos os sentimentos: sou esperto, faço e ninguém descobre.

Se não mudarmos a forma de pensar das pessoas, a nossa forma de tratar esse assunto, se não fizermos uma revolução de verdade nos nossos conceitos de educação, formação, disciplina, respeito, cidadania, humanidade, nação ... de nada adiantará o grito, o sofrimento e as toneladas de dinheiro gasto nos tribunais e nas delegacias. Esse dispêndio financeiro não pode cessar porque é tudo que pode ser feito agora, mas não é eficaz na luta que temos de travar contra a corrupção.

(*) jornalista SRTDF-8685

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