À poesia moderna





Tão pouco vaticinam
Uns que se dizem vates
Que já as pedras clamam
E tu, pedregulho, augures

À rédea livre corre o verso
Num branco que ofusca
Sem com isso ser emerso
Da indigência bruta

E o pobre, membros soltos,
Esvaindo-se em feiura
Não nos tange os sentidos
Nem se impõe à altura

De drumom o entrar surdo
No tal reino das palavras
É coisa de lexicógrafo
Quem trabalha nessas lavras

A Metáfora, antiquada
namorada de Neruda,
Num antigo cemitério,
Jaz sem deixar herdeiro

E assim vai-se fazendo
A poesia moderna
Que não é obra ou gênero
Mas a peça produzida

Verseteiro licenciado
Tripudia a flor do lácio
E ainda enclausura vivo
O empanzinado eu lírico

Ah, e desconjura, (ave!)
Xinga, desdenha,
O saudosista trouxa
Que lhe dá paregórico

Sétimo de João

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