À sombra do pequizeiro







Um indiozinho amarelo, impúbere e imberbe
Num ponto equidistante entre o que fora
E o que jamais fora ou talvez nem se soubera
Nunca ouvira um concerto, nem ardera em febre

Um outro índio, púbere, e puro, e imberbe
No meio do seu tempo, quando a vida aflora
Na vastidão do cerrado, à exaustão entregue
À sombra da fruteira verde, onde a onça mora

Iam rememorando a lenda, um ao outro
Do jacaré, de Maluá pai do indio dourado
De haver chorado sua mãe Taina-racan
E Uadi do céu encher o rio de matrinxã

Séculos depois, nenhum nem outro sabia,
Viria aquela maga do cerrado abrigar
Obra célebre da humanidade, um dia
E os vates da livre poesis sombrear

Na imensidão do mesmo cerrado
Lar de quero-queros e povos e raças
Entre a modernidade e o fruto alado
Criou-se o celeiro, margem das plagas

De verso, de prosa, de luz, de verde
E num alegre congratular domingueiro,
Quem por ali passa, ao ido se rende
Para congraçar, à sombra do pequizeiro

Sétimo de João

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Viva Arte

Fora Dilma, fora PT?